Diz o poeta Goethe que a homossexualidade é tão antiga quanto
a humanidade. Os primeiros registros históricos são datados de mais ou menos
cinco séculos antes do nascimento de Cristo. Egípcios, gregos, romanos, possuem
casos de homossexualidade em sua história, alguns bem famosos como o general
Alexandre Magno e Platão.
Um dos registros mais antigos que se tem de uma relação homossexual
é dos deuses egípcios Oros e Seti. Na mitologia Grega, podemos usar o exemplo
de Laio, pai de édipo, que teve um relacionamento homossexual com Crísipo. Quando
Crísipo se suicidou por causa deste amor proibido, seu pai, tomado da dor e
frustração por este relacionamento e seu final trágico, amaldiçoou Laio a ser
traído e assassinado por seu filho, que viria a ser édipo.
No Egito, como na Mesopotâmia, existiam formas institucionalizadas
de homossexualidade. Entre os gregos e romanos, havia a aceitação de relações
sexuais entre homens, como demonstração de poder, sem que esses deixassem de
ter suas mulheres. Na sociedade ateniense, era natural que um jovem fosse possuído
sexualmente por um adulto, porque seu papel na sociedade era de passividade.
Os temíveis exércitos de Tebas e de Esparta possuíam unidades
formadas por pares de amantes homossexuais. Essas tropas, capazes de bravura
suicida, eram estimuladas por idéias como as de Platão, que achava que um homossexual
nunca abandonaria seu amante em combate e procuraria honrá-lo com feitos heróicos.
Mais atualmente, aparecem registros da homossexualidade feminina.
Ela esteve na moda em vários períodos no Japão, do século XI ao XIX e na China
Imperial, como no século XI. Chegou a ser institucionalizada entre os maias
no século XV.
Não é fácil contar a história da homossexualidade, pois ela
esteve sempre nos bastidores da história oficial. O que se pretende é mostrar
que a humanidade é bastante contraditória quando se trata de um assunto que
caminhou com ela, mas que ficou relegado a um segundo plano.
Contraditória, porque ao longo do tempo foi criando barreiras
para a aceitação do homossexual. Em algumas religiões culturas religiosas, ela
é vista como uma aberração, um pecado, uma falta de caráter; já em outras, está
sendo aceita. De modo geral, a religião católica só tolera como única opção
correta para o homossexual a castidade absoluta. Em seitas protestantes as posições
variam. Para os metodistas e presbiterianos atos homossexuais são incompatíveis
com o ensinamento cristão. Já na Igreja Episcopal há tanta tolerância que em
1977 uma lésbica foi ordenada nos Estados Unidos.
Também na vida jurídica como um todo há contradições. O casamento
homossexual ainda não é aceito na grande maioria dos países, nem mesmo a união
estável, mas sabe-se que formas institucionalizadas de homossexualidade têm
existido entre índios da América do Norte, tribos africanas da Oceania e da
Sibéria.
A ciência até pouco tempo considerava o homossexualismo como
uma doença. Hoje nem tanto, mas ainda é vista por alguns teóricos como um transtorno,
apesar de não existirem explicações nem biológicas nem psicológicas que comprovem
isso em sua totalidade. Homossexuais podem ser tão saudáveis, inteligentes e
bem-sucedidos como os heterossexuais.
Existem dados que mostram que cerca de 10% da população mundial
é composta por homossexuais, e também de que é esta classe que sofre o maior
grau de preconceito. Assim como os negros, pobres e até mulheres ainda, eles
são considerados à parte da sociedade.
Este artigo não teve o propósito de defender o homossexualismo
nem de expurgá-lo. Ele serve como um dado a mais para podermos pensar a sociedade
moderna e a sexualidade moderna. é uma forma de sexualidade como o heterossexualismo,
com a diferença de ter como parceiro alguém do mesmo sexo. Não é uma forma de
perversão, é uma forma de amar que, é sabido, está se tornando cada vez mais
comum, não porque está aumentando em números, mas por que cada vez mais as pessoas
estão conseguindo assumir o que querem de verdade.
Anne Griza
Sexologa